Hace un par de días murió Steve Jobs. Vi mi Feisbuki lleno de gente que ponía cartelitos de manzanas y otras cosas así, como si Apple Inc. se hubiera convertido en un país cuya felicidad fue abrupta e injustamente interrumpida por la partida de su procer ejemplar, el que trae la felicidad. Comentarios sobre la tristeza por la partida de alguien cuya línea de identidad con los otros es la del diseño de las mejores interfases hombre-máquina que se hayan hecho hasta hoy (pero para que compres la máquina y la interfase, no para que seas feliz, eh?) esa tristeza, no consiguió moverme un pelo. Apareció (nuevamente) aquel discurso de Jobs en Stanford, en el que dice cosas muy razonables volvió a conectar con casi todo el mundo. Ahí fue más entendible: expuso su lado humano, la fragilidad frente a una enfermedad que en cualquier momento se lo llevaría (bah, como a todos nosotros, pero con toda la medicina aliviándole el sufrimiento: es mentira que todos morimos igual de desnudos viejo!). Dijo cosas que casi nadie está en condiciones de decir en ese lugar... por ejemplo, decir en un acto en Stanford que el sistema universitario, tal como está concebido es una mierda, y que si él lo hubiera seguido no sería quien fue... eso ok, punto a favor de Mr. Jobs. Pero nada, no me movió un pelo. Todo un mundo de gente llorando o escenificando llanto y nada... no me conmovió en absoluto... en algún lugar de todo eso hay algo errado. Hoy me encontré con un pequeño comentario de Richard M. Stallman que creo que pone las cosas en su lugar:
Steve Jobs, the pioneer of the computer as a jail made cool, designed to sever fools from their freedom, has died.
As Chicago Mayor Harold Washington said of the corrupt former Mayor Daley, "I'm not glad he's dead, but I'm glad he's gone." Nobody deserves to have to die - not Jobs, not Mr. Bill, not even people guilty of bigger evils than theirs. But we all deserve the end of Jobs' malign influence on people's computing.
Unfortunately, that influence continues despite his absence. We can only hope his successors, as they attempt to carry on his legacy, will be less effective.
12 comentarios:
Olá, Ariel! Como vai? tudo bem? Cheguei até você por causa de uma amiga, a Neide, do blog come-se. Estávamos falando sobre o Steve Jobs e ela me contou do seu post. Ela concorda com você. Acabei de ler o texto e, embora possa estar um pouco perdida na tradução, eu confesso que não concordo tanto assim. Talvez porque considere o Steve jobs brilhante - e isso tenha me feito baixar um pouco a crítica. Talvez porque a luta de um homem contra um câncer é sempre comovente. Mas isso tudo acho que você também sente e não é o foco da discussão. Admiro toda a revolução que Jobs causou - e olha que nem tenho iphone, iPad, icloud ou sei lá. Minha questão é apenas que se não fosse Jobs seria outro. A tecnologia que surgiu (antes de Jobs) para fazer o homem ter mais tempo e que, mal interpretada, se provou escravagista me parece apenas mais um exemplo de como a sociedade caminha. O homem é um insaciável por natureza e até perceber que precisa de "menos", se debate contra si mesmo à procura do "mais". Bom ver sua observação. Apenas quis fazer a minha também. Até a próxima!
Kátia, antes de mais nada, muitissimo obrigado por visitar o blog e comentar. E melhor ainda saber que temos uma amiga em comúm! O teu comentário é bastante rico e toca em vários aspectos, mereceria uma conversa longa rs. Mas vamos la:
1. em momento nenhum pensei em negar os méritos intelectuais do S. Jobs. Acho que foi um dos caras cujos méritos intelectuais foram melhor reconhecidos na história da humanidade: praticamente o planeta enteiro rendeu a sua homenagem reconhecendo-o e enriquecendo-o economicamente.
2. em momento nenhum pretendi negar ou diminuir a dor (e de algum jeito a atitude heróica) que S. Jobs manteve contra uma doença de péssimo prognóstico, batalha perdida de antemão. Mas claro, ele teve acesso a todos os recursos possíveis e imagináveis, para estender a vida todo o possível, controlar a dor física e buscar contenção espiritual. Isso é muito diferente do processo pelo qual passa alguém que sabe que existem medicinas melhores às quais não tem acesso por exemplo. De qualquer forma a morte é um absoluto, isso é verdade. Vou citar de memória, possívelmente errando uma expressão de Woody Allen: quando Richard Nixon morreu, acho que ele disse algo assim... "a morte e algo tão terrivel e assustador que a gente prefere acreditar que nem os piores mereciam isso... ai faz-se necessário lembrar das virtudes que as pessoas tiveram, mesmo quando foram poucas". Acho que uma emotividade induzida pelo marketing da companhia fez o resto.
3. O S. Jobs mudou muitas coisas que refletem na nossa vida. Porém, a maior parte das coisas mudadas não passam do reciclado de conceitos em versão brinquedos "cool" para adultos (e olha que provavelmente compre um iPAD rs). Mas não passa de um brinquedo.
4. Não morreu um filántropo. O S. Jobs tinha o direito de curtir seu dinheiro como quisesse. Mas não fez nada relevante em termos de verdadeiro altruísmo. Novamente, não e exigível, mas morreu um cara que poderia ter contribuído de maneira relevante para o bem de boa parte da humanidade e sempre tomou decisões conscientes de não faze-lo (a defesa de patentes até o absurdo não só contra outras companhias, mas também contra a difusão do software livre, utilizado por ONGs e instituições de ensino e saúde por exemplo).
Perante tanta sensibilidade, pessoas chorando, etc. me pareceu importante mostrar também o outro lado. Resposta longa, não? rsrs desculpa, escrevo muito! Abs!
Uau! Você gosta de escrever mesmo! Pra começar: Neide é uma querida há muitos anos. Foi talvez a primeira nutricionista que entrevistei (sou jornalista). Pelo menos a única que teve paciência de me explicar os benefícios da água de coco. Depois, por uma coincidência da vida, fizemos uma viagem de trabalho juntas pela Espanha. Dali (1998) em diante, nos tornamos irmãs de alma. Não sei porque me deu mais vontade de falar da Neide do que do S. Jobs. Concordo com vc. Nem uma linha sobre o trabalho de filantropia dele. Se há se não há, não sei. Já a Neide... E isso me leva a você. Claro, um biólogo tem um olhar voltado para a vida. Sempre. E seu olhar humanitário gritou mais forte. (não me compreenda mal, por favor. Lógico que como pesquisador você valoriza e precisa da tecnologia). Apenas ressalto que você consegue olhar mais fundo. Eu, ao contrário, fiquei absorvida pela onda de comoção. Mas por causa do seu post, fui pesquisar o projeto One Laptop Per Child. Você conhece? E descobri que o jobs ajudou o idealizador do projeto (que queria desenvolver uma máquina por apenas 100 dólares e distribuir para que crianças do mundo todo tivessem acesso a uma educação que inclui a interação com o restante do globo). Se a ajuda poderia ter sido maior? Sem dúvida que sim. Mas a Microsoft nem isso fez. E parece que até tentou dificultar o processo. Bom, não me cabe defender nem Apple nem Jobs. Só lembrei do OLPC. Vou tentar encontrar um TED em que o projeto foi apresentado e te mando o link. Mesmo que vc já conheça. beijo e até a próxima...
Este é o link para uma palestra que aconteceu no Rio durante o último TED. Fala sobre o projeto OLPC. Desculpe ter um pouco o foco do Jobs (me dei por vencida).
http://www.tedxrio.com.br/palestras/arboleda/
bj
Kátia, vou tentar focar a resposta (difícil isso! rs). Acho que a minha visão se deve a minha formação política mais do que científica, embora seja difícil discriminar porque vão juntas. Em relação ao projeto OLPC, conheço de muitos anos atrás porque o impulsor dele na Argentina foi um grande matemático, divulgador científico e jornalista esportivo (Adrián Paenza) que além disso foi meu professor na Universidade. O projeto OLPC, embora eles não reconheçam abertamente, fracasou. Em grande parte isto deveu-se a que nunca conseguiram a meta original (revisada depois em várias ocasiões) de um custo de USD 100/computador. Houve problemas sérios com vários parceiros industriais, e houve vários problemas de outros tipos. Claro, no impulso inicial, escolheram-se lugares onde fezer experiencias piloto (Uruguay era um deles) que não podiam dar errado. Uruguay por exemplo tem uma população muito pequena, a logística de distribuição de equipamentos e bem tranquila, uma população com um nível educativo médio dentre as mais altas da América Latina, etc. Mesmo assim, não é verdade que entregaram todas as laptops. Algumas aldeias na África, e locais mais ou menos restritos em diferentes lugares de América Latina, Asia e Médio Oriente. Argentina acabou saindo da iniciativa e criando seu próprio programa, que, graças a que foi desenhado pro educadores, cientistas sociais, psicólogos e tal (que segundo este cara estão sobrando nos países em desenvolvimento) foi muito superador do OLPC. Na Argentina o governo leva entregues mais de um milhão de netbooks a alunos E DOCENTES. As máquinas NAO são dos alunos: o regime e de comodato (empréstimo). Só passa a ser propriedade do aluno se ele se formar. Os computadores contam com um sistema de bloqueio parcial aos acessos a internet (ficam limitados) se o aluno não assiste à escola por um certo período. O projeto de Negroponte foi o início do conceito e foi uma contribuição importantíssima, mas bem mais desde o plano conceitual do que prático na minha opinião. A intervenção de Jobs não foi precisamente de destaque. Tratando-se de um cara que conseguiu implementar praticamente todo o que se propôs, me leva a pensar que não se sentiu particularmente estimulado com esa iniciativa. Finalmente uma linha sobre o Mr. Gates: tentar escolher entre esses dois e como tentar escolher entre que martelem os dedos da tua mão esquerda ou da tua mão direita. A escolha será por freqüência de uso, etc. mas não porque um vai ser melhor do que o outro. Porém, deve-se dizer que a fundação Bill and Melinda Gates da suporte (em enormes sumas de dinheiro) para o estudo de doenças negligenciadas. Dinheiro que conseguem mediante a venda a valores caríssimos de produtos de péssima qualidade, num sistema que indiretamente prejudica boa parte das comunidades que a sua filantropia pretende atender. Como sempre, a solução não é a filantropia individual... a solução é política! rs. ufff!
Olá, Ariel. Gracias pelas informações. Comentei o post, mas acho que não publiquei ou me atrapalhei com os cliques. Estava dizendo que me sinto como uma criança de quem tiraram o pirulito. E eu que pensava que o projeto poderia se desenvolver aqui no Brasil. Mas como você conta, o conceito já está lançado - a contribuição de Negroponte é inegável. E está aí para quem tiver uma ideia melhor adapta-la, a exemplo do que está fazendo a Argentina. gostei muito de saber disso. Gracias novamente.
Aiii desculpa pelo pirulito! rsrs. Acho que a melhor parte da história é que a ideia-base está sendo implementada em alguns lugares, e com resultados muito promissores: é surpreendente que em locais isolados (na pre-cordilheira andima por exemplo) crianças usem estas tecnologias para aperenderem por própria conta. Ponto enorme a favor do amigo Nicholas Negroponte!
Ok, desculpo você, apesar de ser dia das crianças. rsrs. Foi um prazer conversar contigo, viu? A gente embarca em outras polêmicas outra hora dessas. bj.
xii, tudo que estou tentando publicar parece não acontecer. ... Lá vou eu de novo. Desculpe se a mensagem chegar duplicada.
Ok, desculpo você, apesar de ser dia das crianças. rsrs. Foi bom conversar com você, viu? A gente embarca em outras polêmicas outra hora dessas. No facebook estou como kátia stringueto. E vc?
Kátia, obrigado por saber disculpar rs. As mensagens são moderaddas, por isso demora em aparecer. Desse jeito evito spams, algumas atividades troll, etc. Mas não deixo de publicar nenhum comentário escrito de bõa fe, mesmo que contrário ao que eu penso. Bjs
Ahí va una opinión con la cual coincido.
Max
http://desmotivaciones.es/demots/201110/296785_183642938379457_162087340535017_373382_931247200_n.jpg
Cómo andas Max? Lo de la imagen y las mil palabras, no? Muy bueno. Abrazón!
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